segunda-feira, janeiro 21, 2008

IGNITE
Our Darkest Days
2006, Century Media

A sua longevidade e fidelidade aos argumentos de sempre, fazem com que esta banda deixe cair o adjectivo de New School e passe a ser uma referencia da Velha Escola que cada vez mais se impõe numa fase em que a linha entre o que é sincero e fútil na música está cada vez mais marcada. Os Ignite continuam a saborear o estado de graça que Our Darkest Days, o seu último longa duração de originais, lhes proporcionou. Estamos no primeiro semestre de 2008, e o que é certo é que o sucesso deste álbum, que data de 2006, ainda não os deixou sair da estrada. As Tours internacionais sucedem-se e a banda está com o saudável problema de falta de tempo para se concentrar na composição de um novo álbum. Apesar de só agora atingirem as luzes da ribalta e se confirmarem como uma das vozes principais da cena hardcore, os Ignite são das bandas activas que há mais anos batalha neste campo. Todo o esforço e todo o trabalho desenvolvido ao longo destes anos compensou e a banda colhe agora os frutos deste trabalho, ao mesmo tempo que semeia e espalha a mensagem e os valores que tem feito a imagem da banda desde sempre. Muito do recente sucesso do hardcore actualmente se deve à condição sociológica actual e à premente falta de valores e nihilismo em que a sociedade se encontra mergulhada, daí que busque nos valores e mensagem dos Ignite, uma fonte de identificação e enriquecimento. Solidariedade, fraternidade, respeito e inconformismo são uma constante nas letras de Our Darkest Days que traça uma linha muito ténue entre a raiva e a força de algumas letras com a emotividade de temas mais sensíveis noutras, numa dicotomia perfeita que explica o brilhantismo e todo o sucesso que a banda atingiu com este álbum. Das 13 faixas, Let it burn e My judgement day são temas bandeira deste álbum, que é culminado com uma versão arrepiante de Sunday Bloody Sunday dos U2 onde a banda joga com a raiva da musicalidade e o dramatismo da letra. Uma banda a não perder na sua passagem por Portugal. Esta nova voz do hardcore era afinal uma voz que esteve sempre presente.


THE SLACKERS
The Boss Harmony Sessions
2007, Special Potato

Formados em 1991, Brooklin, Nova Iorque, os The Slackers são uma referência a nível mundial do ska tradicional que vem dos anos 40 dos ballroom jamaicanos, onde as big bands de Prince Buster, Skatalites, Laurel Aitken, Culture ou Desmond Dekker faziam história na musica, e sem saber abriam mentalidades, fechavam outras e acabaram por por o dedo numa ferida social do mundo de então. A sua origem no ghetto negro de Brooklin é um reflexo desta exportação mundial do ska. O sexteto norte-americano tem tido ao longo destes 17 anos, uma carreia profícua com muitos álbuns editados, sendo que o seu período dourado coincidiu com a fase em que os seus álbuns eram editados pela Hellcat Records de Tim Armstrong e cuja máquina de divulgação tornou os novaiorquinos numa banda de culto com fãs um pouco por todo o mundo. O ponto forte dos Slackers está precisamente nas actuações ao vivo. Ninguém consegue ficar indiferente. O seu ska a respeitar as formalidades de origem com uma atitude sempre espontânea faz de cada concerto uma festa. Depois de terem vindo ao nosso país em 2005, regressam agora 3 anos depois com este álbum, The Boss Harmony Sessions e com a possibilidade de nos apresentarem o seu novo álbum, Self Medication. Muitos atractivos para um concerto a não perder no regresso da banda de Vic Ruggiero ao nosso país.


FROM AUTUMN TO ASHES
Holding A Wolf By The Ears
2007, Vagrant

A Big Apple está mais viva que nunca. Nova Iorque, a capital do hardcore continua a dar grandes bandas ao mundo da musica. Os From Autumn To Ashes completam este ano, 8 de existência, e o seu MySpace retribui cada ano em milhões de ouvintes. Contas feitas, a somatório de plays online desta banda atinge o número assustador de cerca de 8 milhões. Holding A Wolf By The Ears é o mais recente trabalho do quinteto de Long Island, NY, aclamado pela crítica especializada como um dos melhores do ano passado, o que lhe vale o estatuto de pioneiros nesta nova era do hardcore com infusões emo e screamo. São 12 temas plenos de sentimento e profundidade em cada acorde e em cada palavra, onde Daylight Slavings ou Pioneers fazem as delícias dos fãs da banda. Os FATA (From Autumn To Ashes), começam a agigantar-se à medida em que vão esgotando a capacidade das salas onde tocam e por manifestações de fãs que acabou por levar a banda a decidir gravar um longa duração ao vivo, com os temas mais emblemáticos do quinteto novaiorquino. Recomenda-se vivamente este álbum, Holding A Wolf By The Ears, um dos melhores do ano e que continua a ser um sucesso da banda nas tours mundiais.


GOOD RIDDANCE
Remain In Memory – The Final Show
2008, Fat Wreck Chords

Chegou ao fim a aventura dos bravos liderados por Russ Rankin, uma luta que durou 11 anos, desde 1986 a 2007. Mais precisamente 27 de Maio de 2007, data em que depois de anunciarem publicamente o fim da banda, deram o seu último concerto na cidade natal de Santa Cruz, concerto que foi gravado pela editora e que fecha com chave de ouro a intervenção no activo do quarteto californiano que milita entre o punk e o hardcore. Fora do palco a banda defendia ogulhosamente o ambientalismo, direitos dos animais e todos os membros eram vegetarianos ou vegan. Russ Rankin é mesmo uma das caras do Partido Verde americano onde de resto militam também outros membros da banda. Ao registo ao vivo, a banda deu o nome de ‘Remain In Memory’, que em jeito de epitáfio, funciona como um best of ou compilação dos temas mais marcantes da carreira desta banda histórica. Os concertos dos Good Riddance sempre foram marcadamente intensos e com muito temas emblemáticos e sing along. Neste caso, por ser o último concerto da banda, os fãs compareceram à chamada e todas as musicas transpiram muito suor e muitas lágrimas, naquela que foi a despedida em grande da banda. ‘Remain In Memory’ não esconde toda a emoção que se viveu no concerto e espelha os sentimentos da banda e público ao longo do concerto enquanto os clássicos da banda eram cantados a plenos pulmões. ‘Remain In Memory’ é mais que um álbum. Conta um pouco da história do punk e hardcore americano sob o olhar dos Good Riddance, uma banda emblemática que de forma tão pessoal ligou o aspecto musical ao social e político. Obrigatório.

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